VÊNUS
E O IDEAL DE BELEZA FEMININA
Embora Botticelli tenha pintado a Vênus com intenção de ser de fato a deusa pagã da antiguidade (JONES, Jonathan, The Guardian, 2012), há algumas interpretações cristãs que colocam a deusa em paralelo com tradições cristãs, como a alma humana emergindo purificando-se ao emergir nas águas do batismo, e por vezes também a comparam com a Virgem Maria. Também sua nudez não é de forma alguma erótica, como se observa com o pudor que a figura trata suas partes íntimas e seios (cobrindo com as mãos ou cabelos). Essa exaltação da beleza estética também pode representar a beleza espiritual ou pureza da alma[1]. E isso fica claro com a escolha de Botticelli por cores claras e harmoniosas em toda a extensão da pintura.
Repercussão
O Nascimento de Vênus pode ser considerada uma pintura que revolucionou a arte renascentista por tratar o mito e a laicidade em uma época em que pinturas com influências pagãs podiam ser apreendidas e, até mesmo, queimadas². Aqueles que puderam presenciar a obra no século 15, com certeza vislumbraram os ideais do neoplatonismo que dizia que a beleza física era um caminho direto para a beleza espiritual e amor intelectual. Esse redescobrimento da arte antiga das civilizações grega e romana foram decisivas para repercutir um novo pensamento e inovação de ideias após um longo período de opressão na Idade Média.
A ambiguidade e a pluralidade de interpretações intrigam os estudiosos de arte, e isso contribui para que a obra seja considerada uma das mais icônicas de toda a história, e tenha gerado diversas representações e reinterpretações em outros períodos históricos, até os dias de hoje.